Poesia

reais sonhos

enquanto descansa a felicidade
batem as asas aceleradas no peito
e, olhando para mim, a verdade
motiva as águas que caem no leito

sonho perdido por entre esquinas
não me trazem a beleza da cidade
quando acordo, no meio das neblinas
então choro, pela frieza da verdade

somente a terra esconde o fruto
que a água do meu pranto alimenta
desde que desconheço meu futuro
sou assim: minha ideia me inventa

enquanto descansa a liberdade
dou uma completa volta pela rotina
pro pranto, nos reclames da saudade
meu choro tira a maquiagem da retina

tudo que vejo, se não sonho
não passa de chão sem chuva
meu suor é assim tristonho
cansado pelo pé descalço na rua

na mesma rua onde eu andei
andou também minha coragem
pena que quando dela precisei
ela se foi... e não voltou de viagem

meu corpo se apavora com o dia
que o sol me traz de presente
se o mundo fosse novo: eu saberia
sorrir pra vida sem o sorriso que mente

tantas vezes critiquei o vizinho da rua
por me dar um sorriso, que julguei maquiado
sem ver no espelho minha consciência nua
para um rosto sorrir é preciso ter chorado

tanta força tem a hipocrisia na vida
que meu sorriso, sem cáries nos olhos
pede a alegria, recebe em contrapartida
somente a utopia dos meus reais sonhos

Divaldo F S Filho Divaldo F S Filho Autor
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