Poesia

Telegrama Social

Tatuaram-me com chicotes
Um telegrama social
Que direitos tem cor,
Maquiagem tem cota.
Resquícios de uma diária dor,
Resquícios de uma verdade torta.

No mar da globalização
O meu navio se modernizou:
Indústria, hospício, presídio, campos de concentração
-Ô Pai único,
Por que não aparta minha Áurea da servidão?

Pós-mordenizaram a minha segregação
Individualizam os quilombos
Agora sou capataz dos meus iguais.
O meu irmão saúda a miscigenação
Sem perceber, seleciona qual estupro é violação.

Já se acorrentam a ideologia
Mas não se cicatriza a memória
Das tantas Rosas e Joaquins,
De infinitos Zumbis,
De você e de mim,
Os tambores raiz, a matriz,
Que vibra a cada tom da história
E não se cala com os troncos da sua teoria.
Axé, axé para a sua covardia!

Bianca Marques Bianca Marques Autor
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