Poesia

Desculpa esfarrapada

Meu pai, senhor Manoel Campelo de Araújo exerceu a profissão de barbeiro durante muitos anos, talvez por isso esteja sempre falando: Eu nunca gostei de "home" cabeludo... Desde eu "novim"... Nunca gostei de cabeludo, tenho raiva de cabeludo. Cabeludo é bicho nojento... Num pode "prestá". Um dia ouvindo um desses comentários, eu falei: Jesus Cristo era cabeludo... Até Ele "tá" no bolo? Então, seu Manoel, embora meio desajeitado por ter sido pego de surprêsa, disse no mesmo tom de voz: Ah...! Mas naquele tempo num tinha barbeiro e nem Ele era deste mundo. E mesmo se tivesse barbeiro Ele num tinha tempo de cortar os "cabelo"... E concluiu: Ali era "Home" que andava, minha "fia"!

(Angélica Araújo)

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