Poesia

A chuva

Há dias eu venho buscando coisas para escrever.
Não as tinha em lugar nenhum
e ao mesmo tempo as tinha em toda a parte.
Nossos olhos vivem de extremos e de emoções
e o nosso peito anda sempre des(atento).

Eis que veio a chuva
e me trouxe a mim de volta,
como que se no verão passado
tivesse me levado
e deixado aqui apenas uma parte da existência.

Nunca havia pensado nisto.
As águas passadas haviam me levado embora!
Meus desejos, então, outrora, não eram verdadeiros?
Meus pensamentos não estavam organizados
e os meus sonhos desequilibrados eram falta de mim mesmo?
Não sei. A chuva sempre chega em silêncio,
fala-me ao peito e não aos ouvidos,
fala-me aos olhos sem abrir a boca,
sem formalismos restitue-me a alma
e os olhares nos quais, sem espelho, vejo-me mui firme.

Estando, assim, completo, eu percebo:
enquanto houver chuva haverá vida!
Haverá horizontes, versos e conquistas,
haverá lutas, amanhã e suas páginas em branco,
haverá mil elucubrações e mil pensamentos,
haverá sol límpido sobre as nuvens de esperança...
Haverá, pois, sonhos, gratidão, amor e profundidade de espírito!

Luís Carlos Luís Carlos Autor
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