Fiz da carne um deus
O desejo dos ateus
Uma divindade profana
Humana, insana, mundana
Onde a moral não faz morada.
O meu culto, não oculto
O meu pecado, um insulto
Pois já não mais resulto
Dos valores patriarcais.
O meu rito vulgar
É um grito de liberdade
Para uma sociedade
Sem piedade
Onde a clemência só existe
Para aquelas que não insistem
Não resistem, só assistem
Sem perceber que podem mais.
Venero a minha alma impura
Represento as bruxas, as prostitutas
As que abortam o seu sonho de domínio
E gozam do seu declínio,
Da sua prece que sangra
Que fere, que fede.
Mas enquanto não escurece
T e m e r não vou jamais!