Poesia

Meu pai querido

Do bar à minha casa, o corredor
um leve arrepio, a porta a ranger
é como se alguém que me tivesse amor
já tivesse ido e quisesse reviver

Abri a porta sem acender a luz
absorto na escuridão do calafrio
pedi: apareça, anjo que me conduz
cobre de mim o maior dos desafios

Fiquei espreitando as coisas surgindo
a vista acostumava-se pouco a pouco
e no canto da parede estavas sorrindo
que sorriso lindo, que sorriso louco

Eras tu mesmo, dos olhos à cicatriz
que trazias de criança na testa alongada
papai querido o destino quiz
que te reencontrasse nessa madrugada

Quiz te abraçar, de beijos te cobrir
gritar prá Deus não te levar jamais
gritar pros anjos não te deixarem ir
pedir prá não ficar mais sem papai

Papai o senhor está de novo partindo?
eu sinto o esmaecer de flores mortas
mas estou feliz, também sorrindo
esperando um dia outro ranger de porta.

Paulo Vilarinho
madrugada de 30/05/11



Paulo de T Oliveira Paulo de T Oliveira Autor
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