Poesia

Doutora, um conselho...

Doutora...
Não estou bem.
Sinto um aperto no coração
Como se duas mãos estivessem fazendo-o sangrar.

Não sei ao certo o que tenho
A Sra. acha que é grave?
Tem tratamento?

Sim, sim
Não me dói só o coração.
Dói-me os ouvidos também
Dos gritos do silêncio todas as noites...
Mal sei o que posso fazer
Por isso até aqui vim.
Procurar tua ajuda...

Quando começou?
Lembro-me de quando não mais tinha
Era um verão feliz.
Via as flores mais vermelhas
E as rosas mais brilhantes
Mas não as vejo mais.
Talvez seja o outono mesmo
Ou só meus olhos se acostumaram a ver o vazio
Toda noite...

Quando sinto?
Não é sempre doutora.
Mas sei quando mais dói
A noite
Especificamente entre as 20hrs e as 22hrs
Quando as luzes já estão apagadas
E sinto só a presença do vento
E da minha mente vazia...

Encantei-me demais doutora.
Tudo aqui brilha
Sou a mussa de uma música
Que toca toda semana para mim
Sou o salvador das almas que vagam
E toda manhã rio
Porque tudo me é feliz com o brilho do sol
Na verdade sou a glória de um novo sol

Mas não sei bem ao certo
Sou um sol escuro toda a noite
A lua dentro de mim não brilha tanto
E o vazio se prolifera.

Doutora...
Sei que parece bobagem
Mas a solidão me é uma doença
Que sufoca-me toda noite.
Será que tem tratamento doutora?

Será que é possível o sol brilhar a noite?

Rafael de Melo Rafael de Melo Autor
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