Poesia

À PROCURA DA ALMA PERDIDA

À PROCURA DA ALMA PERDIDA



Burilava aqueles velhos escritos como que a procura de sua alma perdida. Um baú de couro velho castigado pelo tempo. Na tampa, com pregos, as iniciais de seu avô, de quem o herdara. Fotografias em preto e branco, já amareladas. Recortes de jornais de um tempo distante na memória .......................... fragmentada. Cartões-postais. Paisagens.

O envelope trazia, em seu canto superior direito, dois selos de um país longínquo: Sverige. Reconheceu, de pronto, a letra escrita à mão, de Beatriz, a trapezista daquele circo internacional – fato raro à época em sua cidade – por quem se apaixonara. Mesmo assim, ela se foi. Um tempo distante na sua memória.................... fragmentada. Cartões-virtuais. Paisagens.

Naquele instante, correu ao seu laboratório. Nas paredes, diplomas e certificados dos mais importantes prêmios internacionais, que conquistara ao longo de sua vida de pesquisador. Com ajuda de seu assistente, posicionou o cartão-postal numa espécie nova de leitor ótico e acionou seu mais recente invento. Em milisegundos, percorreu infernos e céus, guerras e armistícios, catástrofes e calmarias. Assim transportado, reviu seu amor de quase um dia. Tomou o derradeiro gole de café, mordeu um pedaço de madeleine e apenas sorriu em sua memória virtual fragmentada. Poemas-postais. Entrelaçamento quântico. Paisagens computacionais.

Marcos Freitas Marcos Freitas Autor
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