Poesia

Hoje queria fazer um poema azul

Hoje queria fazer um poema azul
Numa folha verde... ou seca mesmo
O papel e a tinteira já ajudam
E até minha alma triste tem uma alegriazinha açucarada
Que me faz despontar nas estrelas
E imaginar que tenho os astros nas mãos
E tocá-los é algo tão sensível e deslumbrante
Que tomo o maior cuidado do mundo
Pra que não escapem com a paz que os acompanha
E me sentido novo, vivo e altivo
Invadido pela energia de todo o cosmus
Que vem desde o alecrim que plantei até
As colossais galáxias que sonhei... Que vivo sonhando!
Que sei que um dia chegarão e me invadirão!
E não eu, ir até elas e tomá-las... sim, creio que elas que virão
Pois não tenho a audácia de violá-las na beleza de meus sonhos
E mesmo que não cheguem de verdade
A doce ilusão me encanta tanto
Porque engano a solidão e sou tudo aquilo que quero
E canto bossinhas, marchinhas, sambinhas
E vêm os rodopios, rodopios, rodopios, rodopios...
E grito, e me debato, e me liberto...
E me pinto e me bordo com todas corres
E me faço indolente cheio de lascívia
Me derramando em cascatas de vinho
Ou me faço lânguido e amargo
Costuro e rasgo fantasias
Minha metamorfose é tão natural e inesperada
Que deleite estranho e anárquico se passa em minha loucura?
Tudo o que não sei e o que não sou é o que me cura
Se minha alma não se expande feito os raios de sol
Que emergem na escuridão de minhas pequenas tragédias
Eu sufoco! E desespero!
Por isso mesmo é que sonho
Corro pra praia... Ensandeço
Ou então deito na rede balbucio uns versinhos
Cantarolo cantigas, um olhar, um gesto...
E choro e rio
E tento dormir no azul
Sob o vento que traz as folhas...
E me cubro de sonhos e estrelas

Vicente Vince Vicente Vince Autor
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