Poesia

Pacote vermelho

Pacote vermelho

Sou alérgica a bichinhos de pelúcia e você sabia disso... Apesar de ser alérgica eu vivia dizendo que queria um ursinho... Buscávamos uma luz que já não existia que o tempo fez questão de apagar, por mais que corrêssemos atrás do prejuízo. E em um pacote vermelho com um laço lindinho você surgiu em meu quarto... Meus olhos excitados querendo saber o que continha dentro dele. Em menos de 5 segundos já tinha rasgado o pacote... Meus olhos viram meu novo “filhinho”:
- Charles Darwin será o nome dele.
-não, Luana!... Não que mania maluca de por nome de cientista em tudo!Que nome feio!
-tá... Locke?
-é nome de filosofo Luana!
-Hobbe?hum...D.Pedro I
E você começou a rir um tanto chateado por eu querer colocar nomes de cientistas e filósofos.
-Não, Luana procura algo sei lá... Fofinho?
-ah não fofinho não que nome feio.
Começamos a rir...
-Edgar Allan Poe será o nome dele!
-Edgar...
Você ficou olhando o bichinho de pelúcia, como quem questionava se realmente valeria á pena pôr o nome de Edgar naquela pequena criatura cheia de algodão e olhos tristes segurando um coração.
-ok, Luana...melhor que Charles Darwin...você ganhou Edgar Allan Poe.
Suspiros de ambas...
-cuide dele está bem?
E aquele tom de despedida aumentava ao ponto de calar tudo... O quarto tornou-se escuro... Uma pequena luz da janela entre aberta iluminava o quarto.
-cuidarei...
-olha ele é loiro igual você... Quer dizer meio.
Comecei a rir.
E como de costume pus meu cabelo atrás da orelha e sem saber como agir te olhei... Ambos calados... O silencio nos constrangia... Deixava-te nervoso eu via as suas mãos, seu nervosismo era visível.
-então é isso... Vou indo.
Você falou puxando um ar... Querendo senti um ultimo suspiro... Você não disfarçava que estava triste e nervoso.
-tudo bem, fica bem tá?
Falei com aquele aperto no coração como quem estava perdendo algo entre os dedos, na verdade eu estava... Naquele momento você estava deslizando entre meus dedos. Sumindo de vez dos meus olhos verdes que te olharam e admiraram tanto tempo.
-tchau
A gente se abraçou... Um abraço seco... No fundo estávamos evitando algo profundo não queríamos nos machucar, eu senti as batidas do teu coração nervoso querendo encontrar o meu.
-tchau.
E pela porta que entraste, tu saíste...
E o Edgar olhava á cena com aqueles olhos tristes.

Luana Monte Luana Monte Autor
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