Poesia

SÉTIMO DIA

A janela fechada era sem cortinas ,
O vidro branco foi jateado de fosco.
A operadora suspendeu o suprimento,
Não havia iluminação artificial,
E a penumbra restringia a luz.
Estava ela cabisbaixa e melancólica,
A sensação era de frio na barriga.
O aperto no coração, um abraço afogado,
Do amor que acabava de naufragar.
Como faz bem chorar sem se ver,
A vergonha se perde no escuro,
O espelho não reflete a dor doída.
Mas a vontade de ser livre ao se livrar
Faz do destino um cabo de guerra olímpico,
Que para vencer deve treinar o sofrimento,
Para na missa simbólica do sétimo dia
Ter a certeza de que ele morreu.

Obra registrada no EDA.

João Freitas Filho João Freitas Filho Autor
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