Poesia

Lavando a alma

Ó rio que tanta se arrasta
Ó rio que a tudo arrasta
Porque não carrega minhas dores?
E lava meu peito ferido?
Porque não me deixa criança?
Leva-me até a outra margem
onde a barragem do tempo
represou minhas lembranças

Ó rio que tanto se afasta
afasta de mim esse medo
e deixa meu peito lavado
nas águas que arrastam segredos
correndo no meio da alma
banhando o sal da cidade
deixando a carne molhada
na solidão de um pranto infinito

Ó rio que tanto nos molha
você que é um poço de mágoa
lava a minh’alma cansada
e a sede da minha garganta
mostrando a brancura dos olhos
e o escuro da noite calada
afogado em suas águas
até que meus sonhos gelados
ressurjam em suas coroas

Pedro L R Pereira Pedro L R Pereira Autor
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